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domingo, 20 de março de 2011

Meia-Gordinha



Calma, meu anjo. Não se trata de uma gordinha pela metade. Meia. Nem da meia (aquilo de colocar nos pés) de uma gordinha, portanto, uma meia gordinha.
Trata-se de você mesma, navegante da Internet. Eu sei que você é meia gordinha e que existe um erro de português aqui. Mas meio gordinha não é o mesmo que meia gordinha. Que me perdoem os amargos gramáticos, mas gordinha é meia. Meia gordinha. Meia gordinha soa melhor, sua menos. Meia gordinha, como você está, no ponto.
Eu não sei exatamente o que é que a Internet faz para atrair as meia gordinhas. Mas elas não resistem. É como se a Internet fosse feita para elas. E elas, esperaram anos - formando-se como meia gordinhas - pelo advento da rede. É isso, uma meia gordinha se encaixa na rede. Ali ficam, ali balançam, ali se mostram, se expõem, se apaixonam. Ali, são universais internautas. Ali, soltam suas vírgulas (como suas curvas), suas reticências (suas dobrinhas) e suas bem colocadas exclamações. Não usam acento, mas têm assentos. Não usam maiúsculas, pois já nasceram meia grandinhas.
E agora você, me lendo, pergunta: como é que ele sabe que eu sou meia gordinha? Pesquisa, minha cara meia gordinha. Nem Bill Gates sabe disso. Mas o Dataprata tem sua pesquisa. 83% das mulheres que desfilam pela Internet são meia gordinhas. Se você estiver nos 17% das meia magrinhas, pode parar de ler. Mesmo porque, nada ofende mais uma mulher do que ser considerada meia gordinha, não o sendo.
Não sei por que vocês estão lá navegando. Talvez por terem vergonha de ser meia gordinha. E, quando a gente pede uma foto, mandam aquela só do rosto, né? Ou de vestido preto. Se você mandasse sem o vestido, ia fazer muito mais sucesso. Sim, nós sabemos de antemão que você é meia gordinha. Você pode até mentir suas medidas, mas o seu texto te entrega. O estilo de uma meia gordinha é inconfundível.
Pro meu gosto, meia gordinha é o que há. Aliás, pra todo mundo que eu conheço. Só que ninguém assume: o brasileiro, influenciado pela moda francesa, quer a magra. Pra pegar onde? Pra segurar o quê? Pra recostar em claviculares saboneteiras? Pois é muito melhor espalhar sabonete pelo corpinho de uma meia gordinha.
Mas não vamos confundir a meia gordinha com a gordinha. Há celulíticas e celulares diferenças. Em primeiro lugar, a meia gordinha assume que é meia gordinha. Enquanto que a gordinha faz de tudo para se tornar meia. E sofre com isso. Mesmo porque, quando uma gordinha vira meia, desaba o mundo, enruga o universo.
A meia gordinha honesta, assume. É, antes de tudo, uma forte. Uma fortaleza.
Tudo no seu devido lugar. Se ela emagrecer perde - além de quilos - pontos.
Dizem que até abandona a Internet.
Veja, por exemplo, o que diz Matthew Shirts, brasilianista de primeira.
Portanto, conhecedor das coisas abaixo do Equador e acima da Argentina:
- Sempre achei a maior graça nas meia gordinhas. Para começar, elas são mais expansivas e alegres que as magras e topam qualquer parada. Nunca conheci uma meia gordinha que impusesse restrições ao imaginário erótico de um homem - no caso, eu mesmo, meio gordinho. É claro, desde que você não proponha nada de acrobático demais, como saltar de cima de um guarda-roupa.
Ele revira os olhos ao me dar tais declarações:
- Nos Estados Unidos, você dificilmente encontra mulheres, mesmo gordas, com nádegas avantajadas. No Brasil, isso é quase corriqueiro. A verdade é que uma meia gordinha de bumbum proeminente me deixa bastante perturbado, no bom sentido. Talvez esteja aí um dos principais motivos que me levaram a trocar os States pela pátria do futebol e das meia gordinhas.
E conclui:
- A meia gordinha sexualmente realizada é um dos seres mais calmos do planeta.
As meia magrinhas que me perdoem, mas as meia gordinhas são bem melhores de vírgulas, de reticências e de exclamações. Sem falar naqueles dois pontos delas. Muitíssimo bem colocados.
E ponto final.
 
 
O autor Mario Prata.
 

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